REPENSAR O SETOR SUCROENERGÉTICO -Ronaldo Knack

imagescal74161Energia limpa não pode ser só retórica. A ideia básica é que, para resolver problemas de energia, são precisos 10% de ciência e 90% de economia, política etc. Mas, sem esses 10% da ciência, não dá para discutir nem a economia nem a politica” – Aldo Vieira da Rosa, ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), fundador do INPE e professor de engenharia elétrica da Stanford University (EUA)
Ronaldo Knack
Os coronéis, metidos a usineiros, que amealharam fortunas às custas de seu bom relacionamento com burocratas do governo que norteavam a gestão de suas unidades industriais, começaram a desaparecer após a desregulamentação do setor canavieiro em 1997.
Foi a partir daí que começaram a surgir novos ‘players’ no setor, dentre eles e o mais destacado, o Grupo Cosan, hoje o maior grupo nacional e internacional produtor de cana, açúcar, etanol e bioeletricidade.
No final de 2004, Luiz Carlos de Corrêa Carvalho, o ‘Caio’, que foi o principal executivo da Unica e também presidente da Câmara Setorial da Cana-de-Açúcar do Ministério da Agricultura, ao falar para uma platéia formada por mais de 400 empresários no Parque Anhembi, em São Paulo, anunciou que o setor caminhava para a sua internacionalização.
Mostrando um mapa mundi, Caio sinalizava já para profundas mudanças que passariam a ocorrer a partir daí e a inserção do etanol ‘verde-amarelo’ nos principais mercados de consumo do planeta. Veio a crise de 2008 e com ela mudanças profundas no setor brasileiro de agroenergia e biocombustíveis.
Dezenas de novos projetos, muitos dos quais exagerados em todos os sentidos, acabaram sendo suspensos e começa aí um novo e intrigante movimento que traz as indústrias do petróleo no novo cenário que continua se desenhando como extremamente promissor para os biocombustíveis.
Enquanto a Venezuela importa várias usinas completas para a produção de açúcar e etanol – leia-se a estatal PDVSA – a BP (British Petroleum) se associa a grupos nacionais (Santelisa Vale e Maeda) e finca o primeiro pé no setor sucroenergético brasileiro.
Há poucos meses o mundo todo assistiu, num misto de ‘maravilhado’ e ‘assombrado’, a associação estratégica da Cosan com a Shell, bem como a chegada de grupos da India dispostos a investir fortemente no setor. A Petrobras, que historicamente tudo fez para que o Proálcool não vingasse, no governo Lula acabou se curvando e também passa a investir nos biocombustíveis.
O despertar da alcoolquímica, os novos produtos derivados da cana-de-açúcar, os novos cenários nos mercados nacional e internacional e, principalmente, o que o setor quer e precisa dos novos governantes são alguns dos temas do evento que o BrasilAgro, com o apoio do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroalcooleiro e Energético – CeiseBr e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – Ciesp, promovem nos próximos dias 1º e 2 de setembro, em Sertãozinho, simultaneamente com as edições das já tradicionais Fenasucro e Agrocana, os maiores eventos do mundo do setor sucroenergético.
Sem a conotação de evento ‘chapa-branca’, aqueles onde todos se autoelogiam e desfilam suas virtudes e vaidades, a proposta do BrasilAgro é trazer ao debate assuntos relevantes e, como bem definiu o físico Marco A. P. Lima, diretor do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol – CTBE e do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais – CNPEM: “Este é o momento oportuno para aprofundar discussões e definir uma política de estado (sustentável) para o setor”.
Para tanto, os candidatos à Presidência da República serão convidados para mostrarem suas propostas ao setor e ouvir de suas lideranças o que o setor espera deles. Há de se convir que o setor, pela sua grandeza e importância, não pode prescindir de políticas públicas adequadas para viabilizá-lo neste novo horizonte onde a parceria ‘público-privada’ se faz necessária como nunca.
A grade oficial dos temas, palestrantes, debatedores e autoridades será anunciada nas próximas horas. O que é certo desde já é que a primeira semana do próximo mês de setembro transformará Sertãozinho no centro nacional e mundial das discussões sobre agroenergia, biocombustíveis e bioeletricidade com a apresentação das tecnologias mais avançadas para o setor mais promissor da economia mundial (Ronaldo Knack é jornalista e bacharel em direito e administração de empresas e diretor e editor do BrasilAgro (ronaldo@brasilagro.com.br)

One thought on “REPENSAR O SETOR SUCROENERGÉTICO -Ronaldo Knack

Comments are closed.