PLANTIO DO ARROZ

transplantio_grande1Variedades

Como é do conhecimento dos que lidam com esse cereal, a planta de arroz é extremamente sujeita ao meio em que vive, ao solo, ao macro ao microclima. Responde de maneira variada às diferenças de fatores ecológicos, por isso, o ideal seria a variedade adaptada em cada lugar, como se faz no Japão, onde há inúmeras variedades, cada uma adaptando-se às áreas a que são destinadas. Pelo mundo afora, há um cem número de variedades, cada uma se adaptando melhor nesta ou naquela região.

As variedades de ciclo mais longo devem ser plantadas a partir de outubro ou fins de setembro se o tempo ajudar, até meados de novembro. Assim procedendo, o florescimento e a granação coincidiria com épocas de mais chuvas e calor ameno, fato que favorecerá a cultura. As variedades de ciclo mais curto, ou precoces poderão ser semeadas até meados de dezembro, e conforme o tempo, até mais tarde. Desta maneira, se o lavrador vai semear variedades de ciclo normal (que é o mais longo) deverá terminar a semeação até meados de novembro. Mas se tem variedade de ciclo curta para semear também, poderá estender a época até fins de dezembro, conforme o tempo. Isso é devido à influência da luz sobre as plantas. Se a variedade é de ciclo mais longo, e é plantada mais tarde, quando os dias diminuem de luminosidade, a planta floresce mais cedo, não completando o seu ciclo vegetativo normal. Já as plantas precoces sofrem menos essa influência.
Também, veranicos ou fatores adversos podem ocorrer durante fases criticas do crescimento da planta prejudicando-a. Um bom meio de se evitar isso, pelo menos em parte, é parcelar a semeação.
Desinfecção de sementes

A desinfecção de sementes é prática excelente como medida preventiva à saúde da planta. A desinfecção proporciona às plantas, desde o seu nascimento até aos 30 dias de idade, garantia razoável de saúde e resistência às infecções. Depois dessa idade, o fungicida torna-se inativo, mas as plantas já possuem a seu favor boa saúde. Nessas condições, terão, sem dúvida, mais probabilidade e condições de resistirem às infecções que porventura surgirem do que aquelas que são fracas ou doentes. A desinfecção é feita com fungicidas encontrados a venda no comércio.
Semeação

Usam-se semeadeiras manuais, semeadeiras mecânicas tracionadas a animal ou a trator, tudo dependendo da área que se vai semear e da capacidade econômica do lavrador. Nessa hora é que se poderá avaliar quanto vale ter um terreno bem preparado. Experiências indicam que as sementes, quando semeadas uniformemente a uns 5 cm de profundidade dão os melhores resultados na colheita. Naturalmente, semeadas a essa profundidade, as sementes nascem melhores, produzem maior número de plantas, evitam falhas, e, conseqüentemente, produzem mais ao final. A medida que a semeação se aprofunda, menores são os resultados obtidos. Sendo assim, recomenda-se que a semeação seja feita até 5 cm de profundidade. Para que isso seja possível, o terreno tem que estar bem preparado.

Se houver necessidade de riscação, ela poderá ser feita com sulcadores ou ainda com o planêzinho, tirando-lhe as enxadinhas centrais e deixando as duas laterais externas, já reguladas para a distância que se vai empregar.
Fator de muita importância na semeação é a distribuição uniforme das sementes no sulco. Experiências realizadas provaram que o número ideal deve ser aproximadamente 50 sementes por metro linear de sulco, O que se vai gastar por hectare, então, estará em função desse número e do espaçamento usado. Nessas condições, o gasto de sementes é aproximadamente de 25 a 35 kg/ha.
O essencial para que a semeação seja bem feita é que as semeadoras trabalhem bem e distribuam uniformemente as sementes nos sulcos. Para que isso aconteça, há necessidade de que o operador fique vigilante, conferindo periodicamente o trabalho da máquina.
Restos da colheita

A planta do arroz é delicada. Necessita de preparo esmerado do solo para que haja boa germinação das sementes. Os restos orgânicos da cultura anterior principalmente grãos de arroz quando deixados à vontade, não se decompõem convenientemente entre os meses que medeiam até o novo plantio, e vão prejudicar não só o preparo do solo como, também, a semeação das sementes, criando embaraços a essas operações. Se, porém, o lavrador fizer uma gradagem pesada ou mesmo a aração logo após a colheita, com a finalidade de picar, esparramar e enterrar os restos da cultura anterior, quando chegar a época do plantio, esses restos que já estarão decompostos e transformados, pelo menos parcialmente em húmus, só trazem benefícios, não prejudicando o preparo do solo. Em caso contrário, porém, ficando inteiros, aglutinados, eles constituirão sérios empecilhos, perturbando a aração e as subseqüentes gradagens, e a própria semeação. E, o que é pior, atrapalham sensivelmente a circulação do ar e da água no terreno. Para quem pretende plantar e colher bons lucros da lavoura de arroz, um terreno assim deverá ser evitado a todo custo.

Rotação de cultura

Fator importante, pois o arroz, que é planta esgotante (embora, não exigente), a rotação torna-se recomendável.
No caso do arroz de sequeiro, em que a adubação quase não é feita, a repetição do plantio deverá ser, no máximo, até dois anos consecutivos. Mais do que isso, a cultura toma-se desaconselhável. Depois da cultura do arroz, uma cultura de leguminosa é uma boa rotação (feijão, soja ou outra). Contudo, a rotação contínua com leguminosa não boa prática porque incorpora muita matéria orgânica (caso de adubação verde) ao solo. Sempre que haja excesso de nitrogênio disponível, ele produz vegetação concorrente às plantas, diminuindo-lhes a resistência às doenças, fato que deve ser evitado. Além do mais, muito nitrogênio estimula um crescimento desusado da parte vegetativa, facilitando o acamamento das plantas.

Por isso, na rotação, é conveniente que outras plantas além da leguminosa, sejam usadas para regularizar a disponibilidade do nitrogênio. Outra vantagem da rotação de cultura é ajudar no combate às doenças. Áreas infestadas que sofrem rotação por alguns anos, sempre se tornam menos agressivas.
Cultura irrigada

Inegavelmente, as culturas irrigadas são muito superiores as de sequeiro. Dão produção maior, são mais estáveis no produzir e oferecem, portanto, segurança, o que não acontece com as lavouras de sequeiro, vinculadas que são às condições climáticas.

No entanto, a instalação de cultura irrigada exige uma infra-estrutura complicada e onerosa, que limita, e muito, esse tipo de exploração. Só podem ser instalados em várzeas, e somente naquelas onde os terrenos tem sub-solos argilosos e poucos profundos. Em sub-solos profundos ou arenosos a necessidade de água é tão grande que torna a cultura antieconômica. Além de solos especiais, há que haver disponibilidade de água para toda a área cultivada e por todo o tempo de cultivo. O terreno, além disso, precisa apresentar condições fáceis de drenagem, operação muito importante na irrigação. Se a água é fator importante para a cultura, que dela necessita, torna-se prejudicial, quando não pode ser drenada na ocasião própria.
Estabelecidos os diques, os canais de condução de água, os canais de drenagem, a várzea está pronta para ser trabalhada. Diques e canais devem ser planejados e executados os trabalhos de feitura por gente especializada. O aproveitamento de qualquer pessoa “entendida” pode ficar mais em conta, mas poderão causar, no futuro, prejuízos incalculáveis. A várzea tem que ser muita bem preparada porque vai ser utilizada durante muitos anos. Se for mal preparada isso acarretará prejuízos que estarão presentes em todos os anos, exceto se o erro for corrigido.
A aração das várzeas úmidas é feita com tratores com rodas especiais ou com bois quando a área é menor. No caso especial do Vale do Paraíba, em que a várzea é preparada no seco, os mesmos implementos do arroz de sequeiro poderão ser usados. Após a aração e nivelação do terreno, a semeação é feita a lanço em terreno seco ou ligeiramente úmido (sementes pré – geminadas). No Rio Grande do Sul, na semeação feita a seco, quando as chuvas demoram, os lavradores costumam dar um banho para apressar a germinação das sementes.
Há vários processos de semeação: a lanço manualmente, a lanço por ciclone (máquinas próprias), a lanço por avião. Há também as culturas de transplantes, em que es mudas são preparadas em canteiros, durante mais ou manos um mês e depois transplantadas.
O sistema de irrigação é o de inundação. As quadras recebem água que enche o terreno. Há necessidade de que essa água seja colocada, na quadra, devagar para que não prejudicar as plantas. Multo depressa e com força chega a arrancar as plantas, amontoando-as nas partes mais próximas da saída da água. Também, no caso de muita velocidade, há perigo que haja erosão nas quadras, fato que deve ser evitado. Um cuidado elementar, é receber a água por uma boca na parte superior da quadra e soltá-la por um ladrão existente na parte inferior, de tal modo que entrado e saída não fiquem na mesma direção, a entrada em uma extremidade, a saída, em outra. Isso, naturalmente, evita a correnteza. A água, na quadra, deve ser colocada cedo. Experiências feitas no Rio Grande do Sul mostram que aos 10 dias é ideal. As plantas irrigadas apresentam sistema radicular diferente das plantas cultivadas em sequeiro. Demorando muito a água, como no Vale do Paraíba, por exemplo, as plantas se adaptam e preparam-se, para viver em sequeiro (sem água). Depois dessa demora, caso aplique a irrigação, provocará, um traumatismo com reflexos prejudiciais, inclusive na produção. No Vale do Paraíba, em virtude de forte infestação de pragas vegetas, costumam, como dissemos, demorar quarenta ou mais dias para irrigarem. Com isso, têm tempo para fazer uma carpa ou duas.
Na cultura irrigada, quando bem conduzida, livre da concorrência de pragas como: arroz vermelho, arroz preto, capituvas e outras, a adubação poderá dar excelentes resultados ao contrário do que acontece na lavoura comum do sequeiro, que conforme o tempo, poderá colher resultados negativos.
Nos países de maior produtividade, todos eles adotam a cultura irrigada, embora cada qual apresente peculiaridades regionais.