Mais carinho no manejo de bezerros leiteiros gera lucros para produtores

bezerrosOs primeiros resultados do manejo racional para bezerros leiteiros estão disponíveis num artigo veiculado no site do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal (Grupo ETCO). Ligado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (Unesp Jaboticabal), o grupo defende a busca pelo bem-estar dos animais e divulga os diversos benefícios econômicos relativos ao ganho de peso e índice de sobrevivência do rebanho.

Sob a orientação do professor Matheus Paranhos da Costa, o trabalho de concluão de curso da zootecnista Livia Magalhães Silva deu origem ao modelo já adotado em algumas fazendas no interior de São Paulo.

Os experimentos do projeto “Mais Carinho no Manejo de Bezerros Leiteiros” começaram a partir da constatação da alta frequência de pneumonias, diarreias e apatia no rebanho de uma grande propriedade. As avaliações que precederam a criação do protocolo estabeleceram uma comparação de desempenho entre os tratamentos tradicional e alternativo.

Até os trinta dias, parte dos bezerros foi mantida em baias no galpão. Depois, os animais permaneceram na casinha tropical até a desmama. Acorrentados pelo pescoço, com aleitamento feito em baldes, a interação física entre os bezerros foi quase nula. A outra metade, no primeiro mês, permaneceu no barracão de forma coletiva e com acesso a um piquete anexo para se exercitar. Baldes com bicos especiais foram utilizados para saciar a necessidade de sugar dos filhotes. Durante a alimentação, os bezerros eram escovados pelos tratadores — explica Livia.

Os testes, baseados em princípios de estreitamento das relações com os humanos, interação social entre os bezerros e desmama progressiva, reduziram o uso de antibióticos à metade, diminuindo também o índice de mortalidade de 6,7% para 2,25%. A queda dos casos de diarreia e desidratação foi de 77% para 14% e 28% para 10%, respectivamente. Com o viés de tratar bem os bezerros para que se tornem adultos mais dóceis, a técnica potencializa os lucros e facilita o manejo nas propriedades.

O processo não exige implementações muito caras, mas sim mudanças de atitude dos criadores e tratadores. São necessárias pequenas áreas para os bezerros se exercitarem e a compra de baldes com bicos especializados. Todo o resto é mudança de atitude — enfatiza a zootecnista.

Segundo Livia, a exportação exige a adoção dessas práticas na pecuária de corte. Porém, quanto à produção do leite, mais consumido internamente, a adesão tem ocorrido como um movimento natural de procura dos produtores interessados.