COLHEITA DO ARROZ

arrozcolheita1A colheita representa a recompensa final do lavrador. Se tudo correu bem, tem o lavrador a justa paga, isto é, uma colheita abundante. É bom que, nesse ponto, por desleixo ou ignorância, o lavrador não perca parte do seu lucro, usando uma má colheita.
O arroz deve ser colhido com umidade superior a 20% e inferior a 26%. Estes são os limites ideais do ponto de colheita, de acordo com experiências realizadas na Estação Experimental de Gravataí, no Rio Grande do Sul. Quando colhido cedo, antes de atingir 26% de umidade, haverá muito grão mal formado, com aparecimento de grãos “gessados” ou “barriga branca”. Quando colhido com menos de 20% estará cristalizada, perdendo-se, no campo, por derrame natural, boa porção da colheita, além dos prejuízos causados pela quebra no beneficiamento. Na prática, o arroz está no ponto de colher quando a maioria dos grãos, dois terços para mais, atingiu o pleno amadurecimento e apresenta a coloração característica da variedade. Apenas, o  terço restante, da base da panícula, que já está formado e com consistência firme, apresenta os grãos de cor mais ou menos esverdeada. As variedades de casca dourada tomam a cor característica pouco antes de alcançarem o ponto de colheita.

Para que se tenha um ponto de colheita ótimo, isto é, uniforme, alguns requisitos são indispensáveis. Os requisitos devem ser considerados antes, já no planejamento da cultura. Quando se planeja plantar o arroz, há necessidade de critério na escolha do tamanho da área para plantar. Esse tamanho deverá ser uma função de capacidade material e financeira que o lavrador tem para fazer a apanha no tempo certo. Nunca deve ser grande suficiente para causar, mais tarde, na colheita, dificuldades e prejuízos. Essa precaução é regra fundamental: semear sempre a área que na ocasião própria possa ser colhida bem e folgadamente. Quando a área plantada é superior à capacidade material de colhê-la, uma das três possibilidades acontece:
1) o lavrador inicia a colheita mais cedo, antes do tempo, quando os grãos não atingiram o ponto corto de maturação, provocando o aparecimento de grãos “gessados” e “barriga branca”. Esses grãos esfarelam-se no beneficiamento dando quebra no rendimento e dando produto inferior.
2) O lavrador inicia a colheita na época certa, mas a termina tarde, quando os grãos estão muito cristalizados, sujeitos a caírem no campo e terem quebra no volume colhido;
3) O lavrador arranja recurso extra, contrata mais gente e máquinas, procurando colher tudo no tempo exato. É providência boa, mas nem sempre possível, pois poderá elevar demasiadamente os custos.

Outros fatores poderão acarretar a má colheita, tal como o mau preparo do solo influencia, dificultando a germinação das sementes, provocando falhas, maturação desuniforme dos grãos. O mau preparo do solo ainda prejudica os tratos culturais, com isso causando direta ou indiretamente ação danosa á colheita. O uso de variedades que tenham maturação desuniforme dos frutos é também fator negativo. Outros fatores, porém, se considerarmos, poderão influenciar  positivamente:
a) o uso de sementes selecionadas, com alta capacidade de produção,
b) sementes desinfetadas contra doenças;
c) parcelamento da semeação;
d) tratos culturais bem feitos e a tempo. O parcelamento conveniente da semeação é prático e de grande relevância, pois que aumenta a amplitude do tempo de colheita, permitindo ao lavrador faze-la perfeitamente.

No caso do arroz irrigado, a colheita geralmente se processa da mesma maneira. A única coisa que se deve fazer é drenar o terreno quinze dias antes de começar o corte. A várzea úmida apresenta inconvenientes que devem ser evitados, tais como fermentações, gasto prolongado e desnecessário de água, dificuldades para o uso de colhedeiras. O terreno úmido ainda dificulta o corte, quando este é feito manualmente, e o escoamento do arroz. Experiências provaram que quando se drena o terreno antes da colheita, a maturação dos grãos processa-se mais uniformemente.
Secagem

Depois da trilha a operação seguinte é a secagem. Pode ser feita em terreiros ou em secadores especiais.
Normalmente, nas propriedades pequenas, a secagem do grão trilhado se faz em terreiros. A seca não deve ser rápida, pois poderá acarretar prejuízo à qualidade, trincando os grãos. A camada de arroz no terreiro, de início, deve ser mais ou menos grossa, indo afinando à medida que a umidade vai diminuindo, O arroz é remexido continuamente para se evitar fermentações prejudiciais e para se obter um bom produto. Quando os grãos, ao fim, atingirem 13 a 14% de umidade, a seca está terminada, e eles devem ser recolhidos. Um rodo de madeira, ou instrumento equivalente, serve para mexer o arroz no terreiro. O “prático” de terreiro sabe quando o arroz está no “ponto” de ser recolhido. Com os pés, atrita as amostras, que recolhe, de encontro ao chão. Se a casca desprender-se com facilidade é sinal de que está no ponto. Se não, é sinal de que ainda está úmido.

No caso de grandes áreas, usam-se secadores para a seca. No secador, a temperatura inicial é sempre de 4ºC, depois vai subindo até 50ºC. No caso de sementes, a seca deve ser mais lenta, não passando a temperatura de 41ºC.
Armazenamento

Completadas as operações de colher, trilhar, abanar e secar, o arroz está pronto para ser vendido, ou armazenado. Geralmente, é armazenado em sacos, na propriedade ou em armazéns da cidade. O armazém em que for guardado para preservar a qualidade do produto, deve apresentar tais requisitos: ser lugar bem seco, bem ventilado, protegido das chuvas ou de eventual umidade. Deve ser lugar protegido dos ratos, dos pardais e de outros predadores. No caso de ataque o produto sofre danos não só qualitativa como também quantitativamente.

Há vários insetos que atacam o arroz nos armazéns: gorgulhos, traças e outros, normalmente conhecidos como “carunchos”. O modo de combatê-los é quimicamente, misturando inseticidas em pó aos sacos nas dosagens preconizadas pelos fabricantes.
Qualquer desses predadores causam prejuízos aos produtos armazenados. Por isso é muito importante combate-los. O armazenamento, bem feito ou mal feito, é fator decisivo para o aumento do lucro do lavrador.