Arroz – CLIMA E SOLO

Clima

É planta exigente de calor e umidade. Se bem que essas exigências sejam verdadeiras, o arroz é cultivado numa faixa de grande amplitude, desde as regiões tropicais até as temperadas. Segundo Kikhava e Togo (1929), as condições ideais são uma temperatura constante de 32ºC, em solo permanentemente saturado de umidade. No Brasil, há condições favoráveis de calor, no entanto, quanto à umidade, varia, havendo lugares que permitem a cultura de sequeiro, outros, a cultura irrigada, caso do Rio Grande do Sul. Nas regiões, onde a cultura de sequeiro é praticada, isso indica que as chuvas caem durante a época do ciclo da planta, de maneira bem distribuída, permitindo à ela que tenha umidade suficiente em as suas fases críticas de crescimento. A cultura de sequeiro, não é a cultura ideal. Contudo, quando encontra condições mínimas de produzir, tais como umidade, terras frescas, ricas e com teor satisfatório de matéria orgânica, apresenta as vantagens de poder ser feita em grandes áreas e de requerer menores despesas de instalação.

Temperatura

O abaixamento de temperatura, nos períodos de emborrachamento e floração  podem causar sérios prejuízos às plantas, enfraquecendo-as e predispondo-as ao ataque de doenças. Nesse caso também, a fecundação poderá ser afetada. A luminosidade, por sua vez, influencia o ciclo vegetativo da planta. As variedades do grupo índica sofrem menos o efeito, mas as variedades do grupo japônica, de grãos curtos, são muito sensíveis. Se os estágios iniciais de crescimento, da sementeira à floração, são desenvolvidos com bastante luminosidade, ou seja, sob dias mais longos, haverá naturalmente um prolongamento do ciclo vegetativo da planta, o inverso acontecendo se os dias forem menos longos.


Ventos

Os ventos fortes e granizos também prejudicam, principalmente, quando o crescimento está na fase de granação ou maturação. Provocam o acamamento das plantas, ou a degrana dos cachos, com apreciáveis perdas para as colheitas.

Água

O arroz é planta hidrófila. Gosta de água. Por isso, as culturas irrigadas são as mais desejáveis. As várzeas melhores são aquelas que oferecem um sub-solo impermeável, a uns 20 a 25 cm da superfície, porque elas possibilitam grande economia da água necessária à irrigação. As várzeas arenosas são as piores. Sendo porosas e profundas, exigem grandes quantidades de água. Mesmo as várzeas relativamente ácidas, quando oferecem outras condições positivas de aproveitamento, são boas à cultura do arroz. Em São Paulo, a cultura é predominantemente de sequeiro. A área de arroz irrigado representa menos que 10% no cômputo total. Mas é cultura altamente dependente de água.

Solos

Uma topografia plana, com declividade pequena, suficiente para evitar estagnação de água, um solo sedimentar argilo-humifero ou simplesmente argiloso, sobre camadas impermeáveis de sub-solo, próximas da superfície, é o que temos de melhor para a cultura irrigada. Em todos os países de alta produção, o arroz é irrigado. Mas, infelizmente, a área disponível para irrigação apresenta fatores limitantes ao seu aproveitamento. Depende da quantidade de água disponível e do consumo deste líquido pelo solo; de onerosos investimentos e de mentalidade humana adequada; de técnica de trabalho mais avançada e de mio de obra especializada. Os solos arenosos ou os solos profundos, muitas vezes, não podem ser aproveitados, por serem antieconômicos. Esses solos são laváveis, empobrecendo as camadas de terra onde estão as raízes da planta, dificultando a sua alimentação.

No entanto, por ser planta versátil, este cereal poderá ser cultivado também em terrenos altos, desde que os regimes de chuva favoreçam. Paraná, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e São Pauto, são exemplos disso. Hoje, tornaram-se grandes zonas de produção, à exceção de São Paulo, onde as condições de clima e de terra já não são tão propícias. No caso desse tipo de cultura, arroz de sequeiro, as terras mais frescas, com teor razoável de matéria orgânica e rica em elementos químicos, é as mais desejáveis e que produzem as melhores colheitas.
Quanto à acidez, embora a faixa mais indicada de ph seja entre 5,7 a 6,2, o arroz produz ainda em solos que tenham alto índice de acidez e baixo teor de elementos minerais. É verdade que, nessas condições, produz menos. Por sua vez, em terrenos alcalinos, o arroz não se dá bem. As terras roxas legítimas, por esse motivo, não se prestam. Para a cultura de sequeiro, em São Paulo, os melhores, são os solos frescos, que conservam suficiente umidade e apresentam boas qualidades físico-químicas, e cedem elementos minerais e água facilmente às plantas.
De modo geral, planta-se arroz indiscriminadamente por quase todo o território paulista. Isso não é bom. A planta tem exigências mínimas para produzir. Quando não se encontra, produz deficientemente, recompensando mal o plantador, principalmente, hoje, em que todos os fatores de produção são muito caros. O ideal seria o zoneamento conveniente, que daria orientação segura ao lavrador.
Erosão

A cultura de sequeiro necessita de terreno bem preparado, terras soltas, destorroadas, aradas (se possível, duas vezes) e muito bem gradeada. Num terreno, assim, preparado, sem que esteja convenientemente protegido, contra os efeitos maléficos da erosão, seria verdadeira temeridade plantar. As primeiras chuvas pesadas causariam efeitos desastrosos, provocando lavagens no terreno e prejuízo à lavoura.

A proteção contra a erosão é, portanto, necessária. Se isso, porém, não for possível, o lavrador deverá tomar precauções: semear em linhas de nível, quando as plantinhas se ajudam a proteger-se, quebrando a força das águas das enxurradas, que passam arrastando tudo.
Preparo do solo

O preparo do solo é muito importante para todas as culturas. No caso do arroz de sequeiro, é fundamental. A planta precisa de água, sem o que não produz. Em fases críticas de seu crescimento, quando falta umidade, o resultado da cultura é negativo. Para germinar, as sementes necessitam de umidade. No perfilhamento, a água é importante também. Mas a planta começa a precisar mesmo, quando principia o emborrachamento, cerca de 30 dias antes da emergência das flores. Se não tiver umidade durante o emborrachamento, o futuro cacho fica encruado, não se formando. Se houver condições dele se formar, dá “cacho brancos”, isto é, sem grãos.

Por isso, o lavrador deverá, por todos os meios ao seu alcance, evitar a perda da umidade do solo. Um jeito de economiza-la é preparar bem o terreno. As enxurradas, a evaporação descontrolada e as ervas invasoras são fatores prejudiciais à economia de umidade. O terreno bem preparado ajuda a combater a incidência desses fatores, pois, terreno bem preparado quer dizer, facilidade de se plantar em nível, medida que diminui o efeito da erosão; quer dizer, simplicidade no trabalho das carpideiras, facilitando o combate ao mato; quer dizer, ainda, possibilidade de escarificação do terreno, quebrando-lhe a crosta dura superficial, por onde a evaporação da água do solo se processa de maneira mais intensa.
Outras práticas, além das especificadas, são beneficiadas com o bom preparo do terreno. A semeação torna-se mais fácil e homogênea. Os tratos culturais são realizados mais convenientemente e a colheita torna-se mais perfeita. Num terreno assim, a semeadeira trabalha bem, regularmente, deitando as sementes em número certo e à profundidade conveniente. Por isso, a germinação que se segue, é uniforme, o crescimento das plantas é mais regular, e a maturação dos frutos processa-se na mesma época. Isso trás reais benefícios para a colheita, melhorando a qualidade do produto e o rendimento da cultura.
No caso do arroz, sempre que possível recomenda-se duas arações, não muito profundas. Uma logo após a colheita, com o objetivo de cortar e enterrar os restos da cultura. A outra, em setembro-outubro, por ocasião do novo plantio. Após esta última aração, devem ser feitas as gradagens, em número suficiente, para que o terreno fique bem preparado, sem torrões indesejáveis à superfície. Atrás da grade, para melhorar o seu serviço, é recomendável que se coloque um pranchão de madeira ou pedaço de vigota pesado. Esse pranchão ajuda a destorroar e nivelar o terreno. A última gradagem deve ser feita pouco antes da semeação, para destruir a sementeira de mato que, por ventura, esteja emergente.