Briquetes a partir do bagaço de cana e mandioca?

 

37480582_1-imagemns-de-bristick-briquetes-ecologicos-100-vegetal-uso-domestico1Em 1992, visando a aproveitar as sobras de sua fábrica de portas e janelas de madeira, o empresário Carlos Fraza montou uma fábrica de briquetes (sobras de madeira prensada, usadas com combustível alternativo à lenha). Em pouco tempo Fraza estava comprando os resíduos das empresas vizinhas para produzir os briquetes. Sete anos depois, dedicava-se exclusivamente ao novo negócio, deixando para trás a fabrica de portas.
Além de o briquete ser mais vantajoso como combustível em relação ao óleo diesel, o seu custo é 40% mais baixo. Mesmo assim, porém, o mercado para o pó de serra compactado não decolava.
A razão? “O sistema de produção datava da época da Segunda Guerra e não há sobras de madeira suficientes para tornar viáveis projetos de escala industrial, capazes de fornecer o produto para fábricas com muitas caldeiras”, diz.
MELHORIA DOS PROCESSOS
A solução, segundo o empresário, foi investir na melhoria dos processos e buscar matéria-prima barata e abundante. Foi a partir daí que Fraza começou a fabricar briquetes com bagaço de cana e outras biomassas renováveis, como bagaço de mandioca e casca de amendoim. A esse produto Fraza deu o nome de Bripell. “Criamos um processo que permite secar o bagaço da cana e compactá-lo a um custo baixo. Com isso, aumentamos o poder de fogo com a queima, pois, como o Bripell é mais denso, é possível calibrar melhor a quantidade de oxigênio da caldeira. Obtendo mais calor, criamos uma solução que aumenta o tempo de vida útil da biomassa, facilitando o transporte e armazenamento.”
Agora a meta do empresário é vender o sistema de produção, já que detém a sua patente no Brasil e nos EUA. Ele conta que já vendeu uma linha de produção para uma usina de cana no Estado de Louisiana, nos Estados Unidos.
A logística é a principal barreira para que algumas empresas deixem de usar diesel e passem a queimar biomassa. Geralmente as empresas que fazem essa substituição compram os resíduos de indústrias próximas de sua região, isso no caso das que não produzem a própria biomassa.
Assim, as que não têm quem forneça o insumo ficam sem ter como investir nessa alteração, pois trazer o insumo de longe é caro. Segundo o Irga, no caso da casca de arroz, a distância máxima a que se pode transportar a biomassa sem prejuízo é de 200 quilômetros.
Outra barreira é o armazenamento da biomassa. Tanto o bagaço da cana quanto a casca de arroz, em processo de decomposição, geram metano, extremamente nocivo para a atmosfera. No bagaço da cana o envelhecimento ainda gera umidade, o que reduz o seu poder calorífico. Com isso, é inviável para uma empresa fazer um estoque desse material, ficando sujeita à sazonalidade e ao consequente aumento do preço cobrado pelo combustível alternativo. L.C.

10/03/2010

Fonte:Estadão